As Faces do Inglês: os Palavrões em Inglês e sua Metamorfose
O inglês proibido pode mudar de aparência e significado num piscar de olhos, causando calafrios em quem o desconhece. Vejam, por exemplo, a palavra fuck que, depois da expressão O.K. , é uma das mais versáteis na língua inglesa. Ela pode ser usada para descrever uma infinita variedade de condições, fenômenos e estados de espírito. Às vezes a tradução em português pode resultar num outro palavrão ( to fuck up tanto pode ser fazer uma merda , como estragar ou arruinar algo ) ou pode resultar apenas numa expressão totalmente inofensiva ( to fuck around é zanzar por aí , se entreter com alguma coisa). Já fuck off é um convite meio violento para que alguém dê o fora , enquanto fucking-A pode ser uma expressão de concordância, semelhante a um entusiástico Ótimo! Como qualquer palavrão que se preze, fuck também tem um bom número de eufemismos, entre eles fork you , frig , frigging e fricking . Outra característica é a forma como ele é usado para dar ênfase a uma expressão: ele é jogado no meio das palavras como se fosse o recheio de um sanduíche. A inocente absolutely (absolutamente) fica mais poderosa na nova versão abso-fucking-lutely , assim como impossible ( im-fucking-possible ), unconscious ( un-fucking-conscious ). As combinações não têm limites.
Se ferre /Se lasque
Em determinadas épocas, tanto nos Estados Unidos quanto na Inglaterra, e ainda hoje em certas regiões, era muito pior blasfemar do que usar linguagem chula. Resultado: a língua inglesa é rica em expressões inofensivas que tomam o lugar das blasfêmias e de palavrões, quando se está na presença daquela pessoa religiosa, recatada e sensível e a quem não queremos melindrar. Palavras como darn, drat, durn, gosh, good golly, goodness gracious, gee whiz, heck, jeepers, jeez, shucks, shoot e dezenas de outras, são substitutos delicados para termos como God, Jesus , damn, hell, shit etc. O processo é interessante – a pessoa começa a dizer a palavra proibida, se pega no ato, hesita, e termina dizendo outra. Jee…pers, jee…z , em vez de Jesus ; go…sh, go…lly , em vez de God ; sh…ucks, sh…oot , no lugar de shit . Em português, o processo é rigorosamente o mesmo. Temos exemplos como pra ca…cete , pa…ca ou pa…cas , sendo que ca…cete tem seu próprio eufemismo, ca…cilda , e pu…xa , pu…xa vida , bem como pô…xa , também são eufemismos óbvios. Esses malabarismos verbais dão origem a um fenômeno bastante curioso: a importância das palavras cresce quanto mais elas são proibidas, e à medida que ganham importância são cada vez mais usadas e, portanto, mais proibidas, e, portanto, mais usadas, e por aí vai. É um círculo vicioso. A metamorfose dos palavrões não para por aí, como veremos nos próximos artigos. (Contato com o autor: John D. Godinho – [email protected] )
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta
escrito por John D. Godinho
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